O que começou com um discurso ousado na ONU transformou-se em um marco global de liberdade e autoconhecimento

Entre datas como o Dia das Mães e os eventos corporativos que lotam o calendário de maio, um tema ainda enfrenta resistência, embora seja parte da vida de grande parte da população mundial: a masturbação. O que muitos ainda tratam com silêncio ou constrangimento, na verdade, tem um mês inteiro dedicado à sua celebração. E não por acaso.
Desde 1995, maio é conhecido internacionalmente como o Mês da Masturbação ou Maysturbation, em inglês, uma fusão entre “May” (maio) e “masturbation” (masturbação). Mais do que uma piada de duplo sentido ou um convite ao hedonismo, essa campanha tem raízes políticas e um importante papel na luta pela liberdade sexual, educação e autocuidado.
A origem do mês da masturbação remonta a um episódio emblemático envolvendo a então cirurgiã-geral Joycelyn Elders, nos Estados Unidos. Em 1994, durante uma conferência da ONU sobre AIDS, a médica foi questionada sobre o papel da masturbação na prevenção de comportamentos sexuais de risco entre jovens. Com coragem e franqueza, Elders respondeu: “Acho que \[a masturbação] é algo que faz parte da sexualidade humana e talvez devesse ser ensinada. Mas nem sequer ensinamos aos nossos filhos o básico. Tentamos a ignorância por muito tempo.”
A resposta, baseada em evidências e em uma perspectiva de saúde pública, causou polêmica e culminou na demissão de Elders de seu cargo. A repercussão foi tão intensa quanto simbólica: mesmo em posições de poder, falar abertamente sobre prazer, especialmente o prazer solitário continuava sendo um tabu.
A resposta: celebrar, em vez de calar
Em solidariedade à médica, o sex shop Good Vibrations, de São Francisco, decidiu transformar indignação em ação. No ano seguinte, em 1995, a loja lançou oficialmente o Mês da Masturbação, visando promover o autoprazer como uma prática saudável, natural e libertadora.
Desde então, a data se espalhou por comunidades sex-positive no mundo todo, inspirando eventos, campanhas educativas, publicações, rodas de conversa e até encontros de masturbação coletiva, sempre com o foco na desmistificação do tema e na valorização do corpo.
A campanha também incorporou o Dia Nacional da Masturbação, celebrado anualmente em 28 de maio, como momento simbólico para quebrar o silêncio, questionar tabus e celebrar uma prática que promove não apenas prazer, mas também bem-estar, autoconhecimento e saúde sexual.
Masturbação é política. E é também liberdade
Embora ainda cercada por culpa, mitos e desinformação, a masturbação é uma das formas mais seguras e acessíveis de viver a sexualidade. Pode aliviar o estresse, melhorar o sono, fortalecer o vínculo consigo mesmo e até por que não? aprimorar a experiência sexual com parceiros.
No universo liberal, onde o prazer é explorado com consentimento e criatividade, a masturbação ganha novas possibilidades: masturbação mútua, uso de brinquedos, sessões guiadas, fetiches e rituais sensoriais fazem parte do repertório de quem entende que o corpo é território de liberdade e descoberta. Falar de masturbação não é somente sobre desejo, é sobre acesso à informação, combate ao moralismo e construção de uma sexualidade mais autônoma e consciente.
É por isso que na Revolution Swing Club, todas as formas de prazer seguro, consentido e respeitoso são incentivadas e bem-vindas. Aqui, não há espaço para vergonha, repressão ou julgamento. Apenas para encontros reais, descobertas íntimas e trocas baseadas na liberdade de ser quem se é com o outro, com os outros ou com você mesmo.
Durante o Mês da Masturbação, lembramos que o amor começa pelo corpo, pelo toque e pelo olhar generoso sobre si. E que a Revolution é o lugar onde isso pode ser vivido em sua plenitude, com acolhimento, segurança e entrega.
Porque amar é também saber se amar. E não há revolução mais bonita do que essa.

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