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De abacaxis invertidos a anéis pretos, a comunidade swinger criou sinais secretos para se reconhecer e eles podem estar mais perto de você do que imagina

Você já cruzou com alguém usando uma camiseta com estampa de abacaxi, ou reparou em um enfeite inusitado na porta de uma cabine de cruzeiro e achou que era somente decoração? Pois saiba que, por trás de alguns símbolos aparentemente inofensivos, pode haver uma linguagem codificada que só os mais atentos ou os iniciados conseguem decifrar.
Em tempos de liberdade sexual e novas configurações de relacionamento, o universo swinger, que envolve casais adeptos da troca consensual de parceiros, não apenas floresceu, como também desenvolveu uma série de sinais sutis para comunicação entre seus membros. Com discrição e criatividade, símbolos como abacaxis invertidos, damas de espadas, buchas de banho e flamingos cor-de-rosa vêm se tornando verdadeiros ícones de identificação para casais que vivem fora da monogamia tradicional.
A seguir, conheça alguns desses códigos visuais e saiba como reconhecer (ou usar) essas sinalizações, que funcionam como passaportes silenciosos para o mundo liberal.
1. O abacaxi invertido: o símbolo universal dos swingers
É o símbolo mais popular e amplamente difundido, especialmente em cruzeiros, hotéis e resorts. A imagem do abacaxi de cabeça para baixo ganhou notoriedade nas redes sociais em meados dos anos 2000 e viralizou novamente com a hashtag #UpsideDownPineapple, que explodiu no TikTok a partir de 2022.
O que parece uma simples fruta tropical se torna um aviso discreto: quem usa objetos, estampas ou pingentes de abacaxi invertido está, possivelmente, aberto à troca de casais. O símbolo apareceu, por exemplo, em um vídeo da influenciadora Adita, a bordo do cruzeiro Ultimate World Cruise. Um detalhe na porta da cabine um abacaxi decorativo levantou suspeitas entre os seguidores de que ela e o marido seriam adeptos do swing.
2. Dama de espadas: símbolo das hotwives
Dentro da comunidade liberal, há dinâmicas específicas como o hotwifing, em que a mulher se envolve sexualmente com outros homens, com conhecimento e, muitas vezes, o incentivo do parceiro. A dama de espadas se tornou o símbolo desse estilo de relação.
O desenho pode aparecer em joias discretas, como colares, brincos ou tornozeleiras. É uma marca pessoal que comunica, sutilmente, a prática para quem reconhece os códigos.
3. Anel preto na mão direita
Embora no Brasil, o anel preto de coco seja um sinal da comunidade lésbica olhando para o cenário mundial, tem popularizado por figuras como Cooper Beckett, escritor queer poliamoroso e apresentador do podcast Life on the Swingset, o anel preto é um acessório estratégico de identificação. A regra é clara: use-o na mão direita, em qualquer dedo, exceto o do meio (que, por respeito, é reservado como sinal da comunidade assexual).
Segundo Beckett, o anel deve ser usado quando há interesse em encontrar outros swingers — e pode ser retirado quando a intenção não está presente. Uma forma elegante e silenciosa de se comunicar.
4. Buchas de banho coloridas: o novo semáforo do swing
Sim, buchas de banho. O que parecia ser apenas um item de higiene se transformou, especialmente nos EUA, em uma forma colorida de expressar preferências sexuais dentro da comunidade.
As cores das buchas (ou esponjas) podem significar diferentes níveis de envolvimento:
– Branca – iniciantes
– Rosa – prática “soft”, sem penetração com terceiros
– Roxa– voyeurismo ou gosto por assistir
– Azul-petróleo– bissexualidade
– Preta – total abertura para trocas diversas
O fenômeno foi impulsionado por moradores de The Villages, uma comunidade de aposentados na Flórida, que passaram a usar as buchas no teto dos carros de golfe, transformando o código em trend no TikTok.
5. Unicórnios e dragões: em busca do terceiro
Na linguagem do poliamor e do swing, unicórnios são mulheres solteiras que topam se envolver com casais. Já os dragões representam homens dispostos à mesma proposta. A metáfora vem da ideia de que esses parceiros são “raros e mágicos” como as criaturas mitológicas.
Em perfis de redes sociais, é comum ver frases como “buscando um unicórnio” ou “em busca de um dragão”, acompanhadas de emojis sugestivos. Também podem aparecer como tatuagens ou ilustrações em roupas.
6. Flamingos rosas e o jardim dos sinais
Apesar de mais usados como elemento decorativo em viagens e festas, flamingos rosas ainda têm presença simbólica dentro do swing. Mas cuidado: nem todo flamingo é um convite.
Outros sinais discretos em casas ou jardins incluem:
– Grama-dos-pampas (planta ornamental associada ao liberalismo sexual);
– Gnomo com pose ousada;
– Pedras coloridas rosa e roxa;
– Abacaxis decorativos em áreas visíveis.
São códigos conhecidos principalmente nos Estados Unidos, mas vêm ganhando espaço em resorts e encontros temáticos mundo afora.
A ética da sinalização: cuidado com os falsos positivos
Especialistas alertam que nem todo símbolo é uma confirmação definitiva. Muitas vezes, uma camiseta com abacaxi ou uma joia com dama de espadas pode ser somente uma escolha estética, sem relação com o universo liberal.
A recomendação é não fazer abordagens invasivas. Se perceber sinais compatíveis e desejar se conectar, comece com discrição e respeito, como sugere Beckett: “Vi que você está usando um anel preto na mão direita. Talvez a gente seja do clube…”
O poder da linguagem discreta
O uso de códigos no swing vai além da estética: é sobre liberdade com segurança. São pequenos gestos, acessórios e objetos que criam uma espécie de comunidade silenciosa. Em um mundo ainda cercado de tabus, os símbolos funcionam como filtros e pontes entre pessoas com desejos semelhantes. E se você começou a reparar em flamingos, buchas coloridas ou abacaxis invertidos por aí, pode ser que já esteja lendo esse novo idioma, o idioma do desejo, do consentimento e da liberdade sexual.

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